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AUSÊNCIA DE NOVAS LIDERANÇAS DIFICULTA RENOVAÇÃO POLÍTICA NO ESTADO

As acusações de executivos da JBS contra o presidente Michel Temer – que podem resultar, inclusive, na deposição do peemedebista do cargo – podem influenciar o resultado das eleições de 2018 no Rio Grande do Norte. Essa é a avaliação dos cientistas políticos Daniel Menezes, Antônio Spinelli e Bruno Oliveira, consultados pela reportagem do Portal Agora RN/Agora Jornal.
Na avaliação dos especialistas, o momento ainda é de muitas indefinições e não há como prever os desdobramentos políticos das denúncias oferecidas contra o grupo liderado por Temer, no qual estão incluídos alguns potiguares que ocupam posição destaque no cenário político, como o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), o senador José Agripino Maia (DEM) e o ex-deputado federal Henrique Alves (PMDB). Porém, é correto afirmar, segundo os professores, que a impopularidade de Temer e a sua iminente queda provocarão efeitos adversos para a classe política mais ligada à gestão federal.
“Quase todos eles têm uma relação direta com Temer. O senador Garibaldi e o ex-deputado Henrique têm uma ligação política muito forte com o presidente. Então, esta situação atual e uma possível queda do presidente fragilizam essas figuras políticas do estado”, observa Spinelli.
Os cientistas políticos avaliam, entretanto, que não apenas Garibaldi, Agripino e Henrique – que foram delatados no esquema da JBS ou são ligados fortemente ao presidente Temer – serão afetados com os impactos da impopularidade de Temer. Bruno Oliveira, por exemplo, ressalta também a citação ao nome do governador Robinson Faria (PSD) e da senadora Fátima Bezerra (PT). “São figuras de relevo que vão ser alvos de inquéritos ou processos. Haverá uma reconfiguração do quadro político e não se sabe o que virá depois”, complementa Spinelli.
Os analistas consideram, por outro lado, que a possibilidade de renovação política no pleito eleitoral do ano que vem esbarra na ausência de novas lideranças no cenário potiguar. No caso do senador Garibaldi Filho, por exemplo, que – apesar de ser considerado um dos parlamentares menos prejudicados com os escândalos de corrupção recentes – enfrenta “repercussão negativa” com o apoio revelado ao atual governo, Daniel Menezes avalia que não há alternativas competitivas surgidas até o momento. “No caso das candidaturas ao Senado, Garibaldi tem uma capacidade forte de obter grandes votações. Mas ele tem isso pela falta de audácia de outras forças em lutarem pela vaga dele”, ressalta Daniel.
Para Bruno, que concorda com a avaliação de Daniel, o enfraquecimento das lideranças políticas que ocupam mandatos atualmente poderiam estimular o surgimento de novas lideranças. Mas, segundo ele, isso não é perceptível. “Será que esse enfraquecimento será tão intenso ao ponto de surgir uma liderança nova? No momento, não, pois faltam nomes. Fátima, que seria uma potencial candidata ao Governo, corre por fora”, exemplifica.
AGENDA DO NOVO GOVERNO
Independentemente da continuidade do Governo Temer, que enfrenta forte desgaste por defender reformas em áreas delicadas como Previdência Social e legislação trabalhista, Daniel Menezes acredita que um futuro governo – que, caso Temer realmente deixe o cargo, ele duvida que seja formado via eleições diretas – também defenderá tais mudanças.
“As reformas serão negociadas juntamente com as eleições indiretas. Essa pauta é fortemente apoiada pelos partidos PMDB, PSDB e PSD [maiores legendas do Congresso]. Não acredito que essa agenda será alterada mesmo que Michel Temer saia”, observa.
Neste aspecto, o cientista política vê mudanças também no cenário de oposição construído atualmente por partidos de Esquerda. “O cenário de oposição para o PT atualmente é muito bom, o que pode não acontecer em um eventual novo governo. O próximo presidente pode ter uma situação pessoal um pouco melhor e pode haver uma coalizão nacional em torno das reformas”, conclui.
Antônio Spinelli, por sua vez, enxerga dificuldades em um novo quadro político. “Não se sabe o que virá depois. Pela Constituição, assumem presidente e vice eleitos indiretamente. Mas o Congresso está com a imagem profundamente abalada. Esse Congresso vai ter condições políticas de eleger um presidente indireto para governar até 2018? Há uma incerteza muito grande no país. Em nenhum outro momento as lideranças estiveram tão ameaçadas”, afirma.
Enquanto isso, lideranças locais hesitam em se posicionar, defendendo ou criticando o governo. “Há um certo medo das lideranças em quererem se posicionar a favor do governo. Ou mesmo contra, com receio de perder as benesses. Todo mundo está esperando para ver o que vai acontecer. A situação está muito difícil”, finaliza Bruno Oliveira.

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